segunda-feira, 30 de junho de 2014

A tal "canção de engate"

Amo-te desde o primeiro dia que aprendi a amar-te.
Andamos todos estes anos da vida a tentarmos encontrar a profissão certa para nós sem sabermos qual será a certa. Mas à medida que o rio vai ter ao mar, que a lua se ergue no céu, que os pássaros cantam ao nascer do dia todos os dias da nossa vida vamos tendo a certeza que nós somos uma profissão nova a cada dia, que fomos criados por várias delas, numas nas quais somos perfeitos, noutras em que nos desenrascamos, numas em que precisamos delas para nós próprios e outras para ensinar ao outros.
Tanto enrolar para falar de ti. Um alguém que tomou a sua profissão perfeita e me veio ensinar uma coisa muito importante como ser humano, o que é amar.
Talvez tenhas sido o melhor professor nesse campo, porque me ensinaste o que é respeitar alguém como essa pessoa é, fizeste-me acreditar que o belo e a paz entre pessoas também existe, ensinaste-me a não ter vergonha de quem gostamos nem ter vergonha de nós perante quem amamos, ensinaste-me que as nossas fraquezas são o brilho nos olhos de quem nos acha especial, que os nossos defeitos se encaixam nas virtudes do outro, ensinaste-me a sorrir com vontade, a ouvir alguém com toda a atenção, a saber o que é a preocupação e a responsabilidade.
Lembro-me daquele dia em que fomos à padaria comprar pão e nos rimos como duas crianças e aí sim senti a timidez a desaparecer. Lembro-me de quando me pediste para a abrir a mão e ao principio não queria abrir por receio do que irias pôr, mas por surpresa pousaste um koala nela e eu aprendi que não devemos ter medo de arriscar porque nem tudo neste mundo é mau. Lembro-me das tuas fugas ao trabalho com a vontade de me fazeres feliz mais um dia e aí percebi que mesmo estando às vezes na escuridão há sempre uma luz que nos ilumina. Lembro-me do dia em que te conheci naquela noite de céu estrelado e falamos por bons minutos como se já nos conhecêssemos à anos. Lembro-me quando vimos a praia juntos à noite, o cheiro a maresia, o som do mar. Sentimos paz. Lembro-me do dia em que me disseste olhos nos olhos " tive medo de já te ter perdido".Tantos bons momentos, aos quais tu me ensinaste a desenhar-te em mim como tatuagem que fica eternamente. Ensinaste-me a saber ouvir uma música com a sua correta interpretação. Ensinaste-me a amar, a amar-te. Já lá vão tantos meses e nada mudou, nada se desvaneceu. Ainda encontra-se tudo bem presente.
Pena me teres ensinado a pegar no teu coração com cuidado mas não me teres ensinado a esquecer que ele está nas minhas mãos. Ensinaste-me o mais perfeito mas esqueceste de me ensinar o saber esquecer, em saber apagar com uma borracha uma bela história. Ensinas-te me viver contigo mas não me ensinaste como lidar com a tua ausência. Ensinaste-me a sorrir mas não me ensinaste a saber segurar uma lágrima. Ensinaste-me a criar marcas mas não me ensinaste a cicatriza-las. Ensinaste-me a amar-te mas não me ensinaste a desamar-te.


« Começei a amar-te no dia em que te abandonei. 
Ele disse: casei-me com outra para te poder amar em paz. 
Ela disse: casei-me com outro para que houvesse um ruído que te calasse em mim. »



"Onde outrora houve fogo de paixão, há agora só terra queimada."