Todos sabemos que o coração é um grande instrumento musical que reproduz várias melodias, de acordo com o seu sentimento no momento.
É um instrumento audível por quem lhe chega à boca, por quem se quer encostar-lhe. É daqueles "objetos" valiosos que muitos lhe tocam durante a sua carreira, mas nem todos conseguem mostrar o seu melhor som, a sua melhor nota ou fazê-lo até, ganhar vida e fazer com que o público que assiste a essa audição, se deixe levar por aquela melodia, se deixe encantar por aquela música sentimental tal como as sereias do mar encheram os ouvidos de Ulisses e o renderam aos seus encantos.
São poucos...são poucos aqueles que cuidam dele como quem cuida do seu(s).
E, quando aqueles que de más mãos se querem apoderar dele como se o soubesse manejar como os verdadeiros músicos, ele sente-se assombrado por tantos vultos e tenta-se proteger lançando sons estridentes para que eles se afastem, para que eles não o consigam dominar nem o machucar. Mas, o que é certo, é que ele sozinho, não consegue dar luta e deixa-se vencer. Cai num lado de melodias dramáticas, deixa-se rebolar pelo vale das mágoas e voa com o desespero!
Quem não sabe o verdadeiro sentido da arte de palpitar e quem não sabe ensinar como ele dever ser tocado e o cuidado com que dever ser transportado , também não sabe o porquê de um dia lhe terem dado vida, não sabe o porquê de algum dia lhe terem dado para as mãos esse instrumento. Este instrumento, para além de brilhar solenidade em grandes audições, de fazer entrar várias ondas sonoras pelas portas dos nossos ouvidos todos os dias, também é transparente aos sentimentos que ele carrega às costas diariamente, e que não podendo falar, faz vibrar o coração dos outros.
Este instrumento, mesmo apesar de que para muitos seja apenas só mesmo um instrumento, é algo que deve ser respeitado, valorizado e escutado... !