
Estava eu a viajar pelo mundo, nomeadamente sobre o grande deserto, um deserto lindo e deparei-me com uma miragem.
Aquela miragem era linda, era bela, era perfeita, tinha traços nunca vistos, ângulos nunca medidos, portava de uma estrutura nunca vista até então, e eu queria-a só para mim, queria ter o retrato dela, sempre foi aquilo que sonhei ter. Eu parei estática, sem criar nenhum movimento, só se ouvia o mexer do meu cabelo por causa do vento que lhe pegava, eu olhei, eu apreciei, eu admirei com todas as letras da própria palavra.
Eu tinha uma máquina fotográfica na mão e então desejei-lhe tirar uma foto porque miragens daquelas não se encontram no divagar do tempo, é como achar a primeira peça de um puzzle e encaixa-la na segunda, é como procurar uma agulha num palheiro, é como contar todos os grãos de areia e todas as estrelas do céu, é uma coisa única e quase impossível. Eu corri, corri sem pensar até ela. Mas, quanto mais corria mais ela se afastava de mim. Eu pensei que ela estava a fazer jogo comigo, a despertar-me mais interesse, a querer ser misteriosa, porque é óbvio, eu não a conhecia para saber se era este o seu carácter ou não. Houve uma altura em que hesitei, mas pensei "porque não tentar?" e continuei a correr. Quando comecei-me a sentir-me esgotada, cansada de correr atrás dela e ela nem um sorriso me desenhava de forma a me dar indicações do seu ser, foi então que eu parei. Parei de correr e abanei a cabeça da esquerda para a direita vezes sem conta a dizer-lhe que não. Mas aquela beleza exterior que me transmitia preenchia-me de tal modo que cada vez que olhava para ela, mais vontade tinha de correr e continuei a correr com as únicas forças que me restavam sem pensar que aquilo podia ser tudo uma armadilha. Quando ela me virou por fim as costas, eu percebi. Percebi que uma miragem será sempre uma miragem. Percebi que uma miragem é algo da nossa cabeça, que nos toca muitas das vezes o coração, e que ficamos cegos à realidade, só a vemos lá ao fundo à nossa espera, aparentemente, porque ela está a afastar-se, é como se fosse uma ilusão ótica. Percebi finalmente, quando já não tinha mais forças para seguir em frente, que essa miragem era falsa e só me tinha enganado naquele tempo todo em que gastei os últimos minutos de vida. Percebi que aquela miragem seduziu-me, deixou-me muito empolgante, mas no meu auge desapareceu sem deixar rasto.
Tira uma lição deste texto:
Nunca te iludas por alguém, nunca dês tudo de ti a alguém quando não tens certezas do que esse alguém é, nunca valorizes demais aquilo que vês, mas apenas aquilo que sentes. Não vivas numa mentira,sê mais forte do que isso. Não feches os olhos à realidade, vive com ela, desfruta dela, não vivas em sonhos, percorre objetivos, esses sim nunca vão desaparecer da tua vida, e no final dar-te-ão uma grande fotografia do teu valor, esforço e dedicação .
(Agora lê as palavras a negrito, de cima para baixo.)