
Sempre sonhei com algo assim, sempre sonhei em poder dizer "preciso de ti" deste modo, com esta veracidade, sempre sonhei em olhar para alguém e ganhar o poder de transmitir o que o meu coração palpitava através de um só olhar(porque todos dizem, que mesmo que a boca minta, o olhar diz sempre a verdade), sempre sonhei com o dia em que iria encontrar alguém que me daria tudo que eu merecia ter, mesmo que esse tudo fosse pouco, sempre sonhei com o dia em que podia tornar o mundo de alguém no meu mundo e tornar o meu mundo no mundo de alguém, sempre sonhei em sentir aquele "crashh!" do encaixe, sempre sonhei com o dia em que poderia contar todas as estrelas do céu, e achar um número muito pequenino porque sem dúvida o sentimento interior existente entre nós seria mil vezes maior, talvez mesmo, infinito. Sempre sonhei com o dia de ouvir uma música e acha-la perfeita, porque teria um grande significado para ambos os lados. Sempre sonhei em ter uma história, daquelas tipo filme, em que poderia mais tarde contar aos meus filhos, netos, para que eles pudessem adquirir lições dela, sentimentos dela, sei lá, e que pelo menos por momentos pudessem sonhar tal como eu tinha sonhado naquela altura em que a tive na mão, e eu acabaria por finalizar "e foram felizes para sempre..." e eles claro, sorririam, mas eu tinha a certeza que cá dentro, o meu coração, esse "pequeno" órgão que já tinha feito tantas sístoles e diástoles durante a vida, esse "pequeno" órgão que talvez estaria cansado de levar o sangue a todo o corpo e trazê-lo de volta, mas não cansado de ter vivido aqueles momentos que eu e ele saberíamos ao certo, esbordaria de sorrisos, felicidades, e se iria enrolar em emoções que o faria radiar mais uma vez.
É certo que nem tudo é assim tão perfeito, caiámos na realidade. Às vezes era necessário fazer cair o pano para que mudássemos de cena, porque em todas as histórias há sempre aquela parte em que enchemos o coração ,das pessoas que assistem, de tal maneira que a essa emoção escorre pelos olhos e pior disso tudo é quem está a sentir na pele esses acontecimentos retrógrados, o pior disso tudo é a personagem que está naquele quadrado, naquela zona de desconforto. Muitas vezes, e é o que é verídico, é que quem assiste não sabe o esforço que aquela pessoa tem que fazer para vestir essa personagem, porque ela não queria ter emoções daquelas, porque todos sabemos que uma personagem que receba um papel cómico têm mais facilidades do que aquela que recebe um papel penumbroso. Essa personagem que irá desempenhar esse papel angustiante, sente-se insegura porque nem sabe muito bem como lidar com ele, é obrigada a sentir-se vazia porque o próprio papel vêm de tal modo que lhe mexe e remexe cá dentro. Ela sente-se tão só, porque é a única que está no palco naquele momento, e tem que encarar aquele papel quer queira quer não, tem que ser forte para não errar ao fazê-lo, nem errar nos gestos ou palavras que dirá para si mesma e para o público. É certo que esse público assiste com pena, não digo o público todo, porque há sempre aquele número de pessoas que só vão para lá para verem a personagem cair, ver a personagem a errar, ver a personagem a se afligir. Haverá sempre, naquela sala de teatro aquele número de pessoas que não conseguem ver que há alguém melhor que eles, aquele grupinho que tem inveja de que ,enquanto eles estão sentados e ninguém lhes liga, há alguém no palco que está a ser vista por milhares de pessoas. Essas pessoas insensíveis nunca estão à espera de que o pano caia outravez e mude tudo de cenário, mas ele muda. Agora num cenário perfeito, tão perfeito com o céu,tão perfeito como o mar, tão perfeito como a natureza em si. Muda tudo sim, aquela cena teve um feixe, teve uma resolução inesperada, o que faz cruzar os braços daqueles invejosos e faz com que o queixo deles caia no chão de tal forma que saem de lá a queixar-se que só foram lá para se humilhar a eles próprios. Não se esqueçam agora que, no meio de tantas palavras, a personagem sempre esteve lá em cima a atuar, e que agora entrou de novo no palco, deslumbrantemente. Ela finalmente encontrou no papel a solução para aquela parte da história e pretende encará-la da melhor forma possível, com segurança, firmeza. Ela conta com a presença no palco daqueles que lhe mais querem bem e principalmente daquela segunda personagem principal que já estava meia esquecida na mente das pessoas que assistiam porque já à muito tempo que não entrava no palco daquela miúda. Agora é só mesmo deixar em suspanse o público até ao próximo episódio. É certo que quem lhes quer bem, é certo que aquele público interessado naquela história, quer que da próxima vez que chegue ao local do tal palco, possa ouvir do narrador "e foram felizes para sempre", mas por enquanto isso manter-se-à em segredo(...)