sábado, 4 de fevereiro de 2012

Amor fecundado


Um amor fecundado foi deixado morrer.
A menina sempre adotou este amor como um ser único diferente dos outros, um ser com características transparentes às dela e às daquela peça masculina que começou a fazer parte dela desde o momento que o viu pela primeira vez, sempre o tratou com todo o carinho e respeito. Fez de tudo para que ele se mantivesse vivo, ativo e com forças para lutar. Alimentou-o e sempre o curou de todos os vírus que os outros lhe transmitiam, cuidou dele como se cuidasse dela própria, ou até mesmo, esqueceu-se dela para lhe dar tudo que ele merecia e precisava. Embalou-o todas as noites, abraçou-o fortemente para que ele nunca lhe fugisse, deu-lhe a sua própria vida. Mas, o que é certo, é que ele acabou por morrer. Morreu por falta da presença daquela peça masculina que o tinha deixado apenas no braços da "mãe". Morreu e foi enterrado. Ela chorou, desfez-se em lágrimas, caiu sobre aquela terra onde tinham enterrado aquele amor. Envolveu-se ali um ambiente de vários sentimentos: angústias, saudades, frustrações...
Mas no meio de tanto rebolar de objetos infelizes, ela encontrou esperança. Ela sabia que ele poderia ter morrido, mas permaneceria ali como um fóssil e um fóssil nunca morre e que, mais tarde,iria ser descoberto e estudado por várias gerações, que iria ficar ali para a história da terra porque tinha sido um amor que sempre lutou pela vida mesmo quando as condições ambientais foram restritas.
E a peça masculina? A peça masculina soube da notícia e não lhe afetou, seguiu em frente e para trás nunca mais olhou.
A menina percebeu então, que enquanto para ela aquele amor tinha sido um ser , para ele tinha apenas sido um esboço, um desenho que ele desenhou mas que logo com uma borracha apagou e rasgou. Daí que esse ser tivesse só vivido na imaginação dela, nos sonhos dela e nunca ter dado asas à realidade.