sexta-feira, 27 de abril de 2012

Essência

foi no coração daquela rosa que senti a tua essência. eras constituído por imensas pétalas cheias de figuras de estilo que te caracterizavam como um ser que és, ou talvez eras. essas variadas tonalidades de cor que se desenhavam na minha mente sempre que me vinha aquele teu aroma característico, me cativavam ,me prendiam o olhar e me fixavam intensamente. mas tal como todas as flores que nascem, crescem e reproduzem novos frutos recheados de momentos saborosos, elas também vão murchando ao passo que não são alimentadas e que não são embebidas pela nostalgia, pela luta intensa, pela vontade de querer, e acabam mesmo por morrer. tal como o teu coração morreu para mim... não pelo facto de eu te alimentar de amor, mas por tu não quereres ser alimentado por ele. embebedei-te de loucuras e de sonhos futuros sem finalidade, irradiei-te de conselhos e palavras ajuizadas para que te mantivesses vivo sem murchares e construísses um ciclo vicioso onde me incluísses e de lá nunca mais saíssemos,mas tudo foi em vão. e agora tudo não passa de uma rosa velha, seca e destruída que findei numa das páginas do meu diário. não passa tudo de um encaixe de pedaços de cada pétala tua demolida. não passa de um conjunto de espinhos que foram lançados ao meu coração como se este sentimento fosse o jogo do dardo. mas quando a saudade insiste em encaixar todas esses pedaços e recordar aquele sentimento enquanto ainda era vivo,  leio novamente as nossas imagens escorregando desde o teu cabelo assolado até à curva que os meus pés como de bailarinos pintavam sempre que tentava chegar ao teu olhar, e  viro as páginas com delicadeza  imprensando o meu dedo a cada virar de cada página escrita por nós e saborei-o envenenando-me com o suco lodacento que extremaste aquando o nosso fim  como um espinho que fere o coração deixando rebolar o sangue ruborizado. e assim morro chorando pela tua ausência, minha essência.