sexta-feira, 4 de maio de 2012

mudança de ato

É certo que todos chegamos a ser grandes escritores sem nos apercebermos. Todos nós escrevemos no diário da nossa vida imensas histórias: umas que nos fazem rir, outras que nos emocionam, outras que nos entristecem. Escrevemos vários atos, várias cenas e vários capítulos preenchidos de letras pequeninas e que, paradoxalmente, têm uma grande carga valorativa para nós. É no esmiuçar de tanta palavra que se vai encaixando e desenvolvendo uma história. E foi num reler e relembrar de uma 'historinha' pequenina mas intensa que me vi perdida, por entre cada espaço escondido entre cada palavra, para poder recuperar o fôlego. Depois de a ler vezes sem conta e de pausar de minuto em minuto para sonhar com ela,  cai num rodopiar de  pensamentos. E foi ao olhar nesse momento literário para uma paisagem, que por parecer a caricatura perfeita daquele conjunto de capítulos,  me vi vagueando pela nossa história. Aquele horizonte desenhava um contraste entre os pinheiros assolados e os pinheiros assombrados, uns cobertos de luz,brilho e cor, e outros disfarçados pela sombra neblina. Criei logo, ali uma certa analogia com aquele pequeno conto e com o novo ato que se criara atualmente no meu livro com aquele desenho, pois aquela 'historinha' de certa forma seria aquele lugar iluminado que se encontrava mais afastado da minha visão e este meu novo presente seria aquele conjunto de mastros obscuros. Aquela nossa 'historinha' mesmo sendo apenas uma historinha como muitas 'semelhantes' que vamos encontrar ao longo desta longa caminhada, era diferente. Foi a única que me trouxera realmente o calor fatrenal de um encaixar de dois braços enrolados, foi a única que me rasgou o maior sorriso na minha face não porque me tenha feito cócegas mas porque me escreveu as frases mais lindas que eu alguma vez tivera lido, foi a única que me fez perceber que eu tinha nascido com o objetivo de viver aquele ato transbordado de capítulos novos para serem para sempre relembrados, foi a única que me fez sentir novas emoções, foi a única que me fez tremer, não por medo, mas por tanto encanto, foi a única que me deixou sem dormir por muitas noites porque só me relembrava de todo aquele conjunto de cenas que me preenchiam por dentro e por fora.  Mas o que é certo, é que toda a frase declarativa que têm vírgulas também têm um ponto final ou reticências e que todas as histórias extinguem-se sempre com a palvra 'Fim.' e esta não foi exceção. E foi assim que o meu presente ou aquela paisagem frontal negra se pintaram sem qualquer pedido de permissão. E é a ele que eu agora escrevo, para que ele se deixe transformar pelo futuro e que o futuro se torne numa vitória desta luta imensa que me vejo perante e para que eu possa escrever histórias tão fortes como esta mas mais longas e demoradas e que seja preciso colocar várias vezes um marcador de livro para não perder o número da página.