quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Quem sou eu?


Quem sou eu? Sabes me dizer melhor do que eu própria? Será?
Todos nós, já passamos por aquela fase em que somos o assunto do dia, já passamos pela etapa em que somos considerados barreiras nas histórias dos outros,já fomos as palavras dos outros, já fomos a boca dos outros, já fomos o pensamento dos outros, já demos notícias para jornais e revistas para os outros, já fomos a palavra-chave do tempo dos outros. Na realidade somos a corda bamba dos outros.
Constantemente somos falados na boca de todo o mundo, e lá sabe essa boca o que nos bate o coração.
Esse mundo cria uma personagem de nós da qual nunca fomos,e são poucos os que conseguem ler o nosso verdadeiro diário.
Esse mundo projeta-nos com traços que não são os nossos, nem tão pouco parecidos e são poucos os que conseguem a perfeição artística do nosso desenho real.
Esse mundo olha-nos de cima a baixo, e veste-nos com peças que nem nos cabem ou são largas demais, e são poucos aqueles que acertam no nosso tamanho.
Esse mundo tenta perceber o nosso jogo de vida, criando e encaixando peças de puzzles que não pertencem ao nosso coração, e são poucos os que conseguem encontrar as peças perfeitas que se encaixem nele.
Esse mundo tenta-nos vender aos outros de uma forma rápida e barata, mas são poucos os que acertam no nosso preço ou valor.
Esse mundo canta a nossa melodia aos outros, mas são poucos aqueles que acertam nas nossas verdadeiras notas musicais.
Esse mundo cobiça-nos de tal forma que fazem com que os outros acreditem que somos uns monstros do dia e da noite, um atentado à humanidade, um tornado ou uma avalanche aos sistemas biológicos humanos, uma bomba nuclear com resíduos que causam corrosibilidade no coração e na alma dos outros, uma catástrofe natural que destrói felicidades construídas pelos outros, lixo, toxicidade, poeira, veneno,...
Tal como diz Padre António Vieira na obra O Sermão de Santo António aos Peixes : "Se pelo menos vós lhe abrisses esse peito e lhe vísseis as entranhas " e "se houvesse algum anjo que revelasse qual é o coração desse homem (...) " saberiam o "quão proveitoso e necessário vos é!" .
Mas as pessoas não têm o interesse de procurar no dicionário da vida, pela nosso nome e ver o significado dele, palavra a palavra, sentimento a sentimento, qualidade a qualidade, defeito a defeito. As pessoas obrigam-se a si próprias a ignorar o verdadeiro conceito de personalidade, e falam falam e voltam a falar da vida dos outros e como são os outros.
Por vezes, torna-se cansativo ouvi-las testemunhar de factos que nem sabem, e nós, que não participamos de um advogado, somos sujeitos a ouvir aquilo, sem oportunidade de dizer a verdadeira verdade. Se pelo menos houvesse um juiz que nos declara-se possibilidade de nos argumentarmos, se pelo menos houvesse algum poder sobrenatural que mostra-se ao mundo o que realmente fizemos e quem somos, se pelo menos o mundo se calasse por uns minutos e nos ouvisse pela nossa própria boca, visse o nosso desenho pelos seus próprios olhos, nada disto seria o que é.
Deixar falar e calarmos-nos , é o que normalmente fazemos e é a única solução encontrada porque esta estrada por onde o mundo se guia, não tem fim e este "local" onde vive é puramente vácuo e as ondas sonoras não se refletem aos ouvidos do mundo porque nem ele se deixa ouvir, por isso não temos a chance de sequer lhe gritarmos bem junto aos ouvidos para que ouçam com atenção que NÓS TEMOS UM VERDADEIRO NÓS, QUE NUNCA FOI REVELADO !